Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, EP |
Com a
parábola do joio, Jesus nos ensina que o bom agricultor não tem pressa por
arrancar as ervas ruins de seu campo, e o mesmo conceito nos é mostrado na
parábola da figueira estéril, muito similar a essa: a principal virtude do
cristão, junto à caridade, é a paciência: o cristão é um homem que sabe
esperar, não se precipita em julgar, porque tem fé na Providência.
Esta é uma
fé na presença amorosa de Deus Pai em toda a Sua criação, a cada instante,
ainda nas criaturas menorzinhas: é a fé na bondade da criação, que a maldade
humana dilacerou, mas não comprometeu de maneira decisiva, porque a última
palavra sempre é a de Deus, esse Deus que se fez Ele próprio Palavra, Palavra
viva, Verbo encarnado, por amor a Suas criaturas. A paciência, então, não é
sinônimo de fraqueza, ou de ingenuidade, ou de subestimação do mal; pelo
contrário, é plena e incondicional confiança na amorosa atenção de Deus que
vela sobre a criação, e que não permitirá ao mal de comprometer, em modo
irremediável, a realização de seu glorioso designo universal, do qual o homem é
uma parte essencial.
No entanto, resta um interrogante: uma vez que o bom agricultor não tem pressa
em separar o joio do trigo, nem de por a mão ao machado para arrancar a árvore
que não produz frutos, porém deve, no primeiro caso, esperar o momento da
ceifa, e no segundo se preocupar de cavar e adubar a terra em torno à árvore
(em resumo: fazer tudo para que a árvore torne a dar seus frutos; sinal que a Providência
deve ser “ajudada” com as obras, e não devemos esperar preguiçosamente e
passivamente), quando é o momento em que ele deve agir, deve intervir, deve
proceder à extirpação do que é danoso, à remoção do que é inútil? A pergunta,
de fato, não é se deve agir, mas quando agir: quanto chegar o momento, sem ter
a absurda pretensão de se substituir aos planos de Deus, à Sua Sabedoria, e à
Seu Poder.
O cristão se pergunta se existem sinais, se há um critério para julgar quando chega esse momento, o momento da verdade, quando já não é mais possível esperar, e se deve proceder à extirpação do joio. Sinais e critérios são, de fato, na linguagem comum, coisas puramente humanas, mas o cristão se pergunta se há um modo sobrenatural pelo qual Deus faz entender a seus operários que chegou a hora em que eles, no âmbito de suas possibilidades, devem fazer a própria parte.
Isto, em realidade, é outro elemento importantíssimo, que se deve ter bem presente: o cristão não é um super-homem; é um pobre homem, como todos o somos, mas um pobre homem que tem fé em Deus: Senhor, não sou digno de que entreis em minha casa; mas dizei Vós apenas uma palavra. O cristão sempre tem presente a própria limitação, a própria miséria, a própria pequenez de criatura débil e pecadora. Mas ao mesmo tempo é consciente de poder aceder a uma força imensa: a força que o próprio Deus confere a quantos se prestam à realização de Sua obra: Porque qualquer coisa que pedirdes em Meu nome, Eu a farei. É uma promessa, uma promessa solene: deveriam bastar estas poucas palavras, pronunciadas por Jesus Cristo, para encher o coração de seus discípulos, de uma esperança e uma confiança absolutas, mesmo nas situações mais sombrias e dramáticas.
Encontramos uma interessante reflexão a este respeito no número de julho de 2017 da revista Arautos do Evangelho, com a assinatura do fundador da homônima Associação de fiéis de Direito Pontifício, monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, nascido em 1939, e que tem sido seu superior geral até 12 de junho de 2017, quando demitiu-se, aos 78 anos de idade, restando o “pai” espiritual do Instituto; o qual se encontra, neste momento, numa fase bastante delicada de sua vida; posto sob lente de aumento pelo papa Francisco, num sentido nada benévolo. E, dados os precedentes dos Franciscanos da Imaculada, nós mesmos não nos sentimos tranquilos, no seu posto. Parece que na mira do papa estejam cerimonias de exorcismo praticadas pelos Arautos do Evangelho; coisa que causa pasmo, à vista das declarações, recentes, do novo geral dos jesuítas, Sosa Abascal, a respeito do diabo: que este é apenas uma imagem simbólica, não uma pessoa real, não um ser com uma precisa individualidade, nomeado diversas vezes nas Escrituras e em muitas ocasiões enfrentado e derrotado por Jesus, no curso de inumeráveis exorcismos. Mas se o diabo não existe, então os exorcismos são uma prática suspeita, uma coisa de ignorantes, primitiva e anacrónica, e sobre tudo inútil. Jesus os praticava? Não há problema, ainda para isto encontra-se uma “explicação”, e tem origem nos lábios infalíveis do padre Sosa: não sabemos realmente o que Jesus disse, pois nenhum gravador nos transmitiu fielmente suas palavras, por tanto, tudo o que dizem os Evangelhos são apenas indícios e, provavelmente, ao menos no relativo ao sobrenatural, muito exagerados. É sabido que os antigos eram pessoas muito crédulas: os judeus de há dois mil anos não dispunham ainda das maravilhas do progresso tecnológico e cientifico, por isso eram propensos a dar as explicações mais fáceis para todos aqueles fatos que não sabiam explicar.
Se fala de “cultos milenarísticos” praticados por estes católicos por demais próximos à Tradição, o que já os torna suspeitos: o milenarismo é, em nossos dias, assunto totalmente desacreditado e mais própria de fanáticos que de católicos adultos e modernos. É claro que haverá o fim do mundo, como conclusão (e isto, quem poderia negar? Nem os materialistas; nem um ateu o poderia negar, ainda que numa perspectiva totalmente diferente da do homem de fé), mas não se deve falar tanto dele: é algo inconveniente, impolido, capaz de arruinar a digestão dos bravos católicos da neo-igreja bergogliana, os quais preferem muito mais saborear numa santa paz as belezas deste mundo, como se nele devessem ficar para sempre, antes do que meditar, ainda que um pouco seja, no tempo em que cada coisa chegará a seu fim, a própria história acabará, e tudo e todos serão julgados pelo Juiz supremo, uma só vez e para sempre, diante da eternidade.
O artigo, do qual copiamos apenas a parte final, pode ser considerado uma espécie de testamento espiritual de monsenhor João Clá, homem de grande cultura, autor de numerosos livros, e incansável promotor de iniciativas de estudo, oração, espiritualidade e apostolado, que tem dois principais pontos de referência intelectual: São Tomás de Aquino e o filósofo brasileiro Plinio Corrêa de Oliveira – do qual já temos falado.
O estilo pastoral de monsenhor João Clá é caraterizado por um extremo senhorio e linearidade formal, e uma nítida clareza de conteúdo, alheia a qualquer acrobacia conceitual ou qualquer “casuística” jesuítica (ver nosso recente artigo: Il cristiano non ripone la sua speranza mondo, publicado em Libera Opinione il 13/06/2017):
Mais importante que arrancar o joio é saber a hora de fazê-lo. Diante das próprias misérias não se deve desesperar, pois há ocasiões em que não podemos extirpá-las de um só golpe. Devemos ter a paciência do senhor da parábola e aceitar o conselho dado por ele aos servos: “Deixai crescer um e outro até a colheita”. Nesse ínterim, isto sim, deitemos a atenção para que a cizânia não prejudique o nosso trigo, e progridamos na vida espiritual sabendo circunscrever o mal, ainda que na hora de nossa morte exclamemos como São Luís Maria Grignion de Montfort: “Cheguei ao fim da minha estrada. Está feito. Não pecarei mais”.
É impossível que o justo não cometa esta ou aquela imperfeição, mas sua conduta deve consistir em manter o trigo e o joio suficientemente discriminados, de maneira que, quando se desenvolverem, saiba distingui-los com facilidade a fim de queimar um e aproveitar o outro. Ao grão bom cabe apenas ser ele mesmo, ou seja, crescer no interior das espigas da santidade e da virtude. Tomada tal decisão, por mais que a cizânia germine junto, não conseguirá asfixiar a planta sadia.
Todavia, em determinado momento é preciso agir contra o mal. E a circunstância oportuna nos é indicado pela prudência, virtude toda feita de sabedoria, que não significa conivência com o pecado, mas a escolha do caminho mais curto entre dois pontos, ou seja, o meio mais adequado para a obtenção da meta. Este ensinamento se aplica à nossa vida cotidiana, seja na família, na sociedade ou até no âmbito de uma consagração religiosa.
No relacionamento familiar, por exemplo, qual é a hora de corrigir um filho? Às vezes não convém fazê-lo logo após a infração, pois o temperamento pode nos trair, causando maior prejuízo à sua alma. Passado algum tempo será mais fácil censurar seu comportamento com firmeza, mas sem carga temperamental, incentivando-o à confiança.
O Autor se lembra de um relato feito por uma pessoa a quem Dr. Plinio Corrêa de Oliveira afavelmente apontara certo defeito de alma. Depois de agradecer, o interlocutor perguntou-lhe quando havia percebido essa falha. Dr. Plinio respondeu: “Eu a vi desde que o conheci”, isto é, havia quinze anos. E não podia ser diferente, devido ao agudo carisma de discernimento dos espíritos que adornava este varão desde a mais tenra infância. Surpreso, aquele seguidor indagou-lhe por que demorara tanto para admoestá-lo, ao que Dr. Plinio redarguiu: “Porque eu estava à espera do momento em que você tivesse força para ‘meter a mão na alma’ e arrancar isso”. Foi preciso aguardar todo esse tempo para evitar que o joio levasse consigo o trigo!
O cristão se pergunta se existem sinais, se há um critério para julgar quando chega esse momento, o momento da verdade, quando já não é mais possível esperar, e se deve proceder à extirpação do joio. Sinais e critérios são, de fato, na linguagem comum, coisas puramente humanas, mas o cristão se pergunta se há um modo sobrenatural pelo qual Deus faz entender a seus operários que chegou a hora em que eles, no âmbito de suas possibilidades, devem fazer a própria parte.
Isto, em realidade, é outro elemento importantíssimo, que se deve ter bem presente: o cristão não é um super-homem; é um pobre homem, como todos o somos, mas um pobre homem que tem fé em Deus: Senhor, não sou digno de que entreis em minha casa; mas dizei Vós apenas uma palavra. O cristão sempre tem presente a própria limitação, a própria miséria, a própria pequenez de criatura débil e pecadora. Mas ao mesmo tempo é consciente de poder aceder a uma força imensa: a força que o próprio Deus confere a quantos se prestam à realização de Sua obra: Porque qualquer coisa que pedirdes em Meu nome, Eu a farei. É uma promessa, uma promessa solene: deveriam bastar estas poucas palavras, pronunciadas por Jesus Cristo, para encher o coração de seus discípulos, de uma esperança e uma confiança absolutas, mesmo nas situações mais sombrias e dramáticas.
Encontramos uma interessante reflexão a este respeito no número de julho de 2017 da revista Arautos do Evangelho, com a assinatura do fundador da homônima Associação de fiéis de Direito Pontifício, monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, nascido em 1939, e que tem sido seu superior geral até 12 de junho de 2017, quando demitiu-se, aos 78 anos de idade, restando o “pai” espiritual do Instituto; o qual se encontra, neste momento, numa fase bastante delicada de sua vida; posto sob lente de aumento pelo papa Francisco, num sentido nada benévolo. E, dados os precedentes dos Franciscanos da Imaculada, nós mesmos não nos sentimos tranquilos, no seu posto. Parece que na mira do papa estejam cerimonias de exorcismo praticadas pelos Arautos do Evangelho; coisa que causa pasmo, à vista das declarações, recentes, do novo geral dos jesuítas, Sosa Abascal, a respeito do diabo: que este é apenas uma imagem simbólica, não uma pessoa real, não um ser com uma precisa individualidade, nomeado diversas vezes nas Escrituras e em muitas ocasiões enfrentado e derrotado por Jesus, no curso de inumeráveis exorcismos. Mas se o diabo não existe, então os exorcismos são uma prática suspeita, uma coisa de ignorantes, primitiva e anacrónica, e sobre tudo inútil. Jesus os praticava? Não há problema, ainda para isto encontra-se uma “explicação”, e tem origem nos lábios infalíveis do padre Sosa: não sabemos realmente o que Jesus disse, pois nenhum gravador nos transmitiu fielmente suas palavras, por tanto, tudo o que dizem os Evangelhos são apenas indícios e, provavelmente, ao menos no relativo ao sobrenatural, muito exagerados. É sabido que os antigos eram pessoas muito crédulas: os judeus de há dois mil anos não dispunham ainda das maravilhas do progresso tecnológico e cientifico, por isso eram propensos a dar as explicações mais fáceis para todos aqueles fatos que não sabiam explicar.
Se fala de “cultos milenarísticos” praticados por estes católicos por demais próximos à Tradição, o que já os torna suspeitos: o milenarismo é, em nossos dias, assunto totalmente desacreditado e mais própria de fanáticos que de católicos adultos e modernos. É claro que haverá o fim do mundo, como conclusão (e isto, quem poderia negar? Nem os materialistas; nem um ateu o poderia negar, ainda que numa perspectiva totalmente diferente da do homem de fé), mas não se deve falar tanto dele: é algo inconveniente, impolido, capaz de arruinar a digestão dos bravos católicos da neo-igreja bergogliana, os quais preferem muito mais saborear numa santa paz as belezas deste mundo, como se nele devessem ficar para sempre, antes do que meditar, ainda que um pouco seja, no tempo em que cada coisa chegará a seu fim, a própria história acabará, e tudo e todos serão julgados pelo Juiz supremo, uma só vez e para sempre, diante da eternidade.
O artigo, do qual copiamos apenas a parte final, pode ser considerado uma espécie de testamento espiritual de monsenhor João Clá, homem de grande cultura, autor de numerosos livros, e incansável promotor de iniciativas de estudo, oração, espiritualidade e apostolado, que tem dois principais pontos de referência intelectual: São Tomás de Aquino e o filósofo brasileiro Plinio Corrêa de Oliveira – do qual já temos falado.
O estilo pastoral de monsenhor João Clá é caraterizado por um extremo senhorio e linearidade formal, e uma nítida clareza de conteúdo, alheia a qualquer acrobacia conceitual ou qualquer “casuística” jesuítica (ver nosso recente artigo: Il cristiano non ripone la sua speranza mondo, publicado em Libera Opinione il 13/06/2017):
Mais importante que arrancar o joio é saber a hora de fazê-lo. Diante das próprias misérias não se deve desesperar, pois há ocasiões em que não podemos extirpá-las de um só golpe. Devemos ter a paciência do senhor da parábola e aceitar o conselho dado por ele aos servos: “Deixai crescer um e outro até a colheita”. Nesse ínterim, isto sim, deitemos a atenção para que a cizânia não prejudique o nosso trigo, e progridamos na vida espiritual sabendo circunscrever o mal, ainda que na hora de nossa morte exclamemos como São Luís Maria Grignion de Montfort: “Cheguei ao fim da minha estrada. Está feito. Não pecarei mais”.
É impossível que o justo não cometa esta ou aquela imperfeição, mas sua conduta deve consistir em manter o trigo e o joio suficientemente discriminados, de maneira que, quando se desenvolverem, saiba distingui-los com facilidade a fim de queimar um e aproveitar o outro. Ao grão bom cabe apenas ser ele mesmo, ou seja, crescer no interior das espigas da santidade e da virtude. Tomada tal decisão, por mais que a cizânia germine junto, não conseguirá asfixiar a planta sadia.
Todavia, em determinado momento é preciso agir contra o mal. E a circunstância oportuna nos é indicado pela prudência, virtude toda feita de sabedoria, que não significa conivência com o pecado, mas a escolha do caminho mais curto entre dois pontos, ou seja, o meio mais adequado para a obtenção da meta. Este ensinamento se aplica à nossa vida cotidiana, seja na família, na sociedade ou até no âmbito de uma consagração religiosa.
No relacionamento familiar, por exemplo, qual é a hora de corrigir um filho? Às vezes não convém fazê-lo logo após a infração, pois o temperamento pode nos trair, causando maior prejuízo à sua alma. Passado algum tempo será mais fácil censurar seu comportamento com firmeza, mas sem carga temperamental, incentivando-o à confiança.
O Autor se lembra de um relato feito por uma pessoa a quem Dr. Plinio Corrêa de Oliveira afavelmente apontara certo defeito de alma. Depois de agradecer, o interlocutor perguntou-lhe quando havia percebido essa falha. Dr. Plinio respondeu: “Eu a vi desde que o conheci”, isto é, havia quinze anos. E não podia ser diferente, devido ao agudo carisma de discernimento dos espíritos que adornava este varão desde a mais tenra infância. Surpreso, aquele seguidor indagou-lhe por que demorara tanto para admoestá-lo, ao que Dr. Plinio redarguiu: “Porque eu estava à espera do momento em que você tivesse força para ‘meter a mão na alma’ e arrancar isso”. Foi preciso aguardar todo esse tempo para evitar que o joio levasse consigo o trigo!
Fatos como
esse nos auxiliam a considerar nossa vida espiritual com resignação, calma e,
sobretudo, muita confiança na Providência, pois Ela é a dona da grande
propriedade chamada mundo e destas parcelas que são as nossas almas. E quanto
Ela sabe esperar por cada um! Nós imaginamos que com um esforço enorme nos
santificaremos. Ilusão! Tudo depende de uma graça. Portanto, sem jamais
desanimar, devemos compreender que, enquanto Deus não puser sua mão para
arrancar o joio na hora adequada, não teremos forças suficientes nem perícia
para fazê-lo.
Na parábola, o dono do campo tratou da questão com toda a serenidade, sendo aparentemente até humilhado pelo inimigo… Na realidade, aceitar a presença do joio era muito mais astuto que arrancá-lo. Da mesma forma, termos paciência e resignação com os nossos defeitos muitas vezes acaba sendo mais virtuoso que querermos alcançar uma perfeição repentina, que nos levaria a uma perigosíssima presunção. Saibamos, pois, suportar nossas misérias com paz de espírito, sem permitir que elas prevaleçam no campo de nossa alma, mas esperando a ocasião em que o Divino Dono as arranque com a sua graça.
Monsenhor João é um católico de profunda espiritualidade e, como todos os santos, quando se fala de separa o joio do trigo pensa, imediatamente em si mesmo, e imposta seu raciocínio sobre a própria alma, sua própria consciência e seus próprios pecados: se pergunta, por tanto, como e quando ele deva intervir sobre si mesmo, para extirpar as más tendências que afastam de Deus e nos tornam como um campo infestado de plantas parasitas.
Porém, o momento histórico em que nos encontramos nos põe de frente a outro gênero de decisão: quando chegar à conclusão de que o campo infestado de joio, quer dizer a Igreja, não poderá mais suportar tal agressão por parte do inimigo – e sabemos bem quem é este inimigo – e tenha chegado, assim, o momento de intervir com energia para salvar a colheita, sem com isso ter a pretensão de corrigir os planos, os tempos e os modos da Divina Providência.
É inútil ficar girando em falso: é todo o conjunto da Igreja católica que parece ter saído dos trilhos e ter desembestado no caminho da heresia e da apostasia. E isto não é apenas uma simples sensação, a pesar de alguns espíritos demasiado sensíveis e um pouco conservadores: é uma consideração avalizada em elementos de fatos, de situações precisas, de abusos cada vez mais frequentes, a todos os níveis: doutrinários, pastorais, litúrgicos, e com um autoralíssimo (se assim podemos dizer) inspirador e artífice, o papa em pessoa.
Jamais, até o dia de hoje, os católicos tinham sido colocados diante de dique tão colossal: além de ter de combater o mal no interior da própria alma; além de ter de enfrentar as tentações e as insídias exteriores – quer dizer as que provém do mundo –, agora devem se defender mesmo do único flanco que, até agora, tinha ficado sempre a coberto e fiável; e que tinha sido fonte de segurança nos momentos difíceis: a hierarquia católica, do vértice à base. Não é que todos os padres, os bispos e os cardeais tenham sido conquistados pela heresia modernista: porém muitos sim, e muitos outros calam, por diversos motivos, incluído o menos nobre: o da carreira, do oportunismo e do tranquilo viver.
O cristão, hoje, foi preso por uma sensação de vertigem: é possível que ele, ele próprio, pobre, pequeno homem insignificante, deva tomar uma decisão tão audaz, tão dolorosa: denunciar a infidelidade dos próprios pastores, conclamar a todos para o verdadeiro Evangelho de Jesus, denunciando, ao mesmo tempo, sua atual contrafação? Hesita-se, é obvio. Quem se sente tão justo de ter tal direito? Porém, é preciso fazê-lo, para não desagradar a Deus…
Original em italiano: Quando strappare la zizzania dal campo di grano?
Na parábola, o dono do campo tratou da questão com toda a serenidade, sendo aparentemente até humilhado pelo inimigo… Na realidade, aceitar a presença do joio era muito mais astuto que arrancá-lo. Da mesma forma, termos paciência e resignação com os nossos defeitos muitas vezes acaba sendo mais virtuoso que querermos alcançar uma perfeição repentina, que nos levaria a uma perigosíssima presunção. Saibamos, pois, suportar nossas misérias com paz de espírito, sem permitir que elas prevaleçam no campo de nossa alma, mas esperando a ocasião em que o Divino Dono as arranque com a sua graça.
Monsenhor João é um católico de profunda espiritualidade e, como todos os santos, quando se fala de separa o joio do trigo pensa, imediatamente em si mesmo, e imposta seu raciocínio sobre a própria alma, sua própria consciência e seus próprios pecados: se pergunta, por tanto, como e quando ele deva intervir sobre si mesmo, para extirpar as más tendências que afastam de Deus e nos tornam como um campo infestado de plantas parasitas.
Porém, o momento histórico em que nos encontramos nos põe de frente a outro gênero de decisão: quando chegar à conclusão de que o campo infestado de joio, quer dizer a Igreja, não poderá mais suportar tal agressão por parte do inimigo – e sabemos bem quem é este inimigo – e tenha chegado, assim, o momento de intervir com energia para salvar a colheita, sem com isso ter a pretensão de corrigir os planos, os tempos e os modos da Divina Providência.
É inútil ficar girando em falso: é todo o conjunto da Igreja católica que parece ter saído dos trilhos e ter desembestado no caminho da heresia e da apostasia. E isto não é apenas uma simples sensação, a pesar de alguns espíritos demasiado sensíveis e um pouco conservadores: é uma consideração avalizada em elementos de fatos, de situações precisas, de abusos cada vez mais frequentes, a todos os níveis: doutrinários, pastorais, litúrgicos, e com um autoralíssimo (se assim podemos dizer) inspirador e artífice, o papa em pessoa.
Jamais, até o dia de hoje, os católicos tinham sido colocados diante de dique tão colossal: além de ter de combater o mal no interior da própria alma; além de ter de enfrentar as tentações e as insídias exteriores – quer dizer as que provém do mundo –, agora devem se defender mesmo do único flanco que, até agora, tinha ficado sempre a coberto e fiável; e que tinha sido fonte de segurança nos momentos difíceis: a hierarquia católica, do vértice à base. Não é que todos os padres, os bispos e os cardeais tenham sido conquistados pela heresia modernista: porém muitos sim, e muitos outros calam, por diversos motivos, incluído o menos nobre: o da carreira, do oportunismo e do tranquilo viver.
O cristão, hoje, foi preso por uma sensação de vertigem: é possível que ele, ele próprio, pobre, pequeno homem insignificante, deva tomar uma decisão tão audaz, tão dolorosa: denunciar a infidelidade dos próprios pastores, conclamar a todos para o verdadeiro Evangelho de Jesus, denunciando, ao mesmo tempo, sua atual contrafação? Hesita-se, é obvio. Quem se sente tão justo de ter tal direito? Porém, é preciso fazê-lo, para não desagradar a Deus…
Original em italiano: Quando strappare la zizzania dal campo di grano?